Naquela tarde havia tomado um choque de realidade, e é sempre difícil. Após muitas horas trancada em seu quarto, olhando para dentro de si foi que pode entender quanto tempo de vida perdeu não vivendo.
Notou que esteve parada no mesmo lugar há anos, era comodo. Sabia que se fosse à luta, voltaria machucada, mas, provavelmente exibindo o troféu da vitória.
Chorava toda vez em que buscava por glória e só encontrava derrota, e não entendia porque.
A subida da vida era longa para suas pernas cansadas, havia também o medo de não conseguir, o que a impedia de tentar, o que ela não sabia é que no topo, existia um sol extremamente brilhante que iluminaria sua conquista.
Quando caiu em si, sentiu a dor de ser atingida na luta constante que é viver. Aquelas palavras quase a mataram, só não aconteceu, porque o aparentemente interminável muro do orgulho veio ao chão, libertando seus medos.
Pode ver o quanto é pequena diante da vida, o tempo passou com a fugacidade de uma estrela cadente, e o que ela ainda fazia parada ali?
Durante um longo tempo sentiu falta de uma mão para ergue-la, um colo para chorar, e nada funcionava melhor do que isso. Sua cura estava na empatia que precisava receber.
Por fim, o sol desapareceu dando lugar a lua, a noite era seu refúgio, ninguém notaria suas lágrimas. Enquanto tomava seu café e lamentava os anos não vividos e tudo o que foi perdido, uma lágrima caiu dentro da xícara, misturando o gosto salgado com o café adocicado. O novo gosto era o mesmo de seu coração naquele momento: amargo.
Sentiu saudades do que conquistou e também do que perdeu.
Em sua última imagem, reviveu o momento mais saudoso, e mais confortante do que aquele café, outra lágrima rolou, já era tarde e chorar muito lhe causava sono, adormeceu sentindo o abraço que não recebeu.
Até a dor passar...
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