terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos, é saber falar de si mesmo. (Fernando Pessoa)

Sou feita de céu escuro, lua e uma estrela, uma só, para sempre que olhar, lembrar de quem está distante. Feita de sonhos, intensidade, luz, brilho próprio, sabe como é?
Meu riso dura incansáveis dias à fio. Sou abalável, sei que sou, mas por raríssimas e pequenas coisas. As lágrimas caem, a garganta dá nó, e ás vezes me escondo pra não doer tanto. Mas passa, sempre passa. O que não há de passar é esse sorriso largo que me foi dado.
Os dias começam e terminam, cada um com o seu propósito. O relógio controla momentos e decreta a hora certa de cada ato, mas dentro de mim, nada disso acontece.
Sei de uma coisa: não há de passar o que se passa por dentro de cada um. De mim. Não há.
O meu mundo é outro. Lunática, alienada, sonhadora. Sou uma boba, indescritivelmente boba.
Basta existir para que as responsabilidades apareçam, o relógio se apresse, os dias passem mais veloz e as pessoas reclamem de todas as coisas o tempo todo. Eu sei. Mas mesmo assim, todas as noites, como um ritual, escrevo cartas para aquele que está longe, com o abajur aceso projetando luas e estrelas, coloco os meus sentimentos em papéis, guardo-os no pote de corações e vou sonhar. É uma rotina de saudade, que só ele entende. Assim como só ele é capaz de suportar as minhas birras de criança de dois anos, querendo bichinhos do Mc Donald's em um Domingo cinzento.
Tenho um mundo que é só meu, e cuido dele todos os dias, para que eu não perca a minha paz quando ali estiver. Meus papéis, meus objetos, minhas lembranças, a minha paixão por ursos de pelúcia, por bolinhas, corações, e todas as pequenas grandes coisas que fazem parte do meu mundinho.
É estranho pensar que o tempo passa e eu não cresço. As minhas esperanças são as mesmas de quando era criança, os meus sonhos, os segredos, as preferências, a facilidade com que um sorriso sai por entre os meus lábios quando alguém diz algo cheio de graça ou quando me dou conta de que estou à falar sozinha, dançando solta pela cozinha, pela sala, pela casa, pela vida das pessoas.
Prefiro o meu mundo fechado à pessoas que não acrescentam nada nele. E sem perder tempo, abraço a minha loucura e não me explico, pois me entender, é uma questão de sentir.
Sou tão feliz que chego a ser estranha aos olhos dos outros. Afinal, quem tem a coragem de dançar no arco-íris sem ter medo de sorrir?

Sorria menina, não há de acabar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entre quem fui e quem sou, escolho o que restou.

Há em mim aquela esperança tola de um dia conseguir descrever quem sou. Metade das pessoas que me conhecem, não me conhecem de verdade. Algumas vêem a minha luz, outras a minha escuridão. Tão óbvio, eu jamais transpareceria bondade para aqueles que não se permitem sentir.
Cuido de quem amo e amo aqueles que cuido. Amo cuidar, proteger, orientar. Se não o fizer neste mundo, perderia o sentido de aqui estar. Ás vezes, vão-se pedaços das minhas asas, mas há alguém que sempre renova cada pena, assim como renova as minhas forças e fortalece a minha luz. Meu Deus!
Possuo defeitos irrevogavelmente complexos, eu sei, mas há quem me entenda, quem me aceite assim mesmo, exatamente como sou. E não preciso mudar, e não vou mudar - à não ser por mim mesma - . As pessoas acreditam na verdade que elas querem, elas não perguntam o nome da sua alma, elas não podem sentir o que você sente.
Sempre tentei explicar tudo o que se passava pela minha cabeça e pelo meu coração, nunca consegui. Acredito que no íntimo ninguém pode entrar, apenas você e o seu silêncio.
Para entender as pessoas, para saber quem elas são e de onde vieram, é preciso se entender, se curar, se abraçar para depois abraçar o mundo. Aprenda: tudo é de dentro para fora.

O que restou?