Quantas vezes seria preciso dizer para não despertarem o lado que ninguém aguentaria conhecer? Eu vivo, luto, choro, rezo, sinto, eu sou metade. Metade mundo, metade sombra. É exaustante lutar todos os dias contra os próprios demônios, mas eles não sabem disso e por isso acordam o que deve dormir para sempre.
Procurar equilíbrio na solidão, encontrar paz na escuridão, dar as mãos para o sossego não é tão simples assim. Para alcançar tudo isso é necessário viver, e para viver, é preciso ser forte até quando se sente fraco.
Ninguém nunca perguntou o nome da minha alma. É preciso dizer mais?
As pessoas não se importam, elas não querem saber quem você é, o que você sente, as lutas vencidas ou perdidas, ninguém pode sentir o que você sente. Algumas pessoas nunca entendem isso, e continuam em suas tentativas frustradas de mostrar ao mundo quem se é. Em vão.
Agora me pego pensando se tentar dominar meus demônios não seria em vão também, pelo simples fato de que ninguém se importaria se eu gritasse, se eu chorasse, se eu desistisse. Mas lá vem a minha tentativa frustrada de ser forte o tempo todo e provar pra mim mesma que sou boa o suficiente. Talvez seja. Ou será o ego que me mantém em pé? Não quero saber. Vou continuar tentando.
Apenas um passo contrário e eu começo uma guerra. Espinhos e farpas traduzem o que as pessoas sentem ao serem atingidas pela minha raiva. O coração pulsa em uma frequência inexplicável, os olhos mudam de cor, a boca só abre para ferir, a empatia não existe mais. Não tremo, não choro, não luto, não me importo. Apenas quero ferir. Cuspo palavras insensatas e isso dói. Só há uma coisa que me faça parar: amor, no mais amplo sentido da palavra.
Não é preciso estar no escuro para ser dominado pela sombra, basta soltar a mão do equilíbrio e ela vem.